Recentemente assisti à um video que faz um bom trabalho ao colocar em perspectiva a desigualdade mundial. Fiquei bastante intrigado com os dados, é bastante impressionante saber que 1% das pessoas mais ricas do mundo possuem o equivalente a soma da riqueza dos três bilhões mais pobres!

O mais interessante, é que a distribuição de riqueza da população mundial, parece seguir uma Lei de Potência.

Pensando nisso, resolvi criar alguns modelos simples pra saber como – sem entrar em detalhes – um sistema de trocas (como é o financeiro) levaria à essa situação. Nada muito conclusivo, mas é legal ver como regras simples aplicadas em um Método de Monte Carlo revelam dinâmicas atrativas curiosas.

O primeiro modelo, assume uma população de dez mil participantes com uma certa quantia de “riqueza” inicial (i.e. dinheiro) de exatas 100 unidades. Ou seja, todos os habitantes começam com a mesma quantia.

Em seguida, eu realizo um milhão de trocas aleatórias entre os participantes. Nesta primeira simulação, a troca é uma transferência de uma percentagem (também aleatória) da riqueza de um pagador à um credor. Neste caso, o pagador poderá transferir de zero (0%) a toda sua riqueza (100%) à um credor.

Após um milhão de trocas aleatórias, chegamos à uma proporção bastante desigual. Similar à que se encontra a riqueza mundial real (Lei de Potência). Com uma alta concentração de riqueza onde 10% da população detém 40% da riqueza. O histograma a seguir dá uma ideia do resultado:

Distribuição de Riqueza

É importante notar, que esse primeiro experimento é curiosamente acumulador, porém volátil (i.e. as fortunas trocam bastante de mãos): acontece de um pagador rico transferir quase toda sua fortuna a um credor.

O segundo experimento é mais acumulador, e menos volátil. Nesse caso, as trocas são ditadas pelo credor (não pelo pagador): O credor requer que o pagador transfira uma percentagem aleatória da riqueza do primeiro (ou seja, do credor). No caso do pagador não ter dinheiro (i.e. o credor tem mais dinheiro, e pede mais que o pagador pode transferir), então todo o dinheiro vai para o credor – e o pagador fica com nada.

Comos se prevê, ocorre uma concentração altíssima de riqueza, pois os credores – quanto mais ricos, mais altos valores cobram. De fato, 1% da população acaba por deter cerca de 65% da riqueza total. O histograma linear não revela muito sobre os dados:

Distribuição de Riqueza

Finalmente, no terceiro experimento, as coisas se revelaram um pouco mais justas. Desta vez, as trocas sempre ocorreram com base em um valor constante (ao invés de uma percentagem). O valor constante é simplesmente uma unidade, e se o pagador não pode transferir esse unidade (i.e. tem menos que 1), então simplesmente transfere todo seu dinheiro ao credor. O resultado, é um histograma com Distribuição Normal. A maioria das pessoas tem 100 (valor inicial, mantido como média), enquanto que existem poucos ricos e poucos pobres – um resultado com uma grande “classe média”:

Distribuição de Riqueza

Ainda não é o ideal, pois o sistema produziu ricos e pobres. No pouco que experimentei – trivialmente – os modelos que não produzem diferença social são aqueles em que não ocorrem trocas nenhuma, ou então, onde as trocas são sempre do mais rico para o mais pobre.